quinta-feira, julho 17, 2008

Aula de Oratória 2007

Decidi colocar no blog o texto que utilizei para a minha primeira apresentação numa aula de oratória, no curso de Filosofia que comecei a tirar o ano passado na Nova Acrópole.


Descobrir o poeta que há em nós


Não vou falar de nenhum tipo de poesia em específico, de nenhum poeta em particular, nenhum que seja conhecido de todos pelo menos.
Vou falar do poeta que há em cada um de nós, e como poderemos fazer para revelar essa nossa faceta.


A poesia utiliza normalmente certas e determinadas regras:
Tipos de rimas: Emparelhadas; Cruzadas; Abraçadas; Interpoladas
Número de sílabas por verso: heptassílabos, octossílabos, decassílabos
Técnicas que envolvem utilização de figuras de estilo como metáforas, aliteração (repetir consoantes, vogais ou sílabas num verso ou numa frase), pleunasmos ( reforçar uma ideia, “subir para cima”), entre outros.
Mas a nossa poesia não necessita obrigatoriamente de obeceder a estas regras.Alguns poetas mais conservadores, obviamente poderão não concordar com isso, e agarrar-se mais à forma como os poemas estão construídos, mas para revelar o poeta que há em nós, não necessitamos de seguir ou aplicar todas estas regras.
Necessitamos sim, de prestar atenção áquilo que se passa dentro de nós.
Escutar o que nos diz o nosso coração.
Sentir os nossos sentimentos, e passá-los para um papel, ou dizê-los em voz alta.
Escrever as coisas que tantas vezes pensamos mas não queremos ou podemos dizer.
É no final lermos o que fizémos e identificarmo-nos com isso, e mais importante que tudo… Sentirmos algo ao ler o que escrevemos… Porque essas palavras devem ter um significado maior do que o que têm as próprias letras que compõem os nossos poemas ou textos.
É até começar em prosa, se preferirem; se o fizerem de forma sentida, irão ver traços de poesia nos vossos textos.
É deixar que os pensamentos se comecem a encadear, primeiro duma forma mais livre, desordenada, e aos poucos juntá-los numa frase, organizá-los, um verso, dois… Uma quadra, um poema…


A poesia é definida por muitos, como uma forma mais estética, mais harmoniosa de utilizar a linguagem, mas assim não estaremos a reduzir um pouco o valor da poesia?
Quem nunca sentiu um arrepio ao ler uma quadra de Florbela Espanca, ou uma gargalhada espontânea a uma sátira de Bocage? Estas sensações que nos provocam estes poetas, derivam apenas da forma? É inegável que a forma desempenha um papel importante na harmonia da poesia, no seu som e como nos toca, mas é graças ao seu alcance, à sua profundidade, aos sentimentos e emoções que carrega, que nos sentimos assim.

E esta capacidade existe em nós… Tenhamos nós coragem de exteriorizar o que por vezes nos é mais íntimo, e seremos capazes de ser, nem que apenas por uma vez, um poeta…

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